terça-feira, julho 20, 2004

PANFLETAGEM

Quem mora em cidade grande sabe o que é o drama de receber, nos semáforos, milhares de panfletos de propaganda. Carros usados, apartamentos belíssimos (99% das vezes fora do poder aquisitivo de quem recebe o papel), seguros, plano de saúde, a boca de fumo nova que abriu no bairro... Etc, etc e etc.Tá bom. Sei que é o trabalho daquelas meninas que distribuem os papéis. Sei que dá emprego pra quem trabalha nas gráficas que produzem os mesmos. Mas eu fico realmente emputecido quando vem aquela horda de entregadores/as em qualquer cruzamento mais movimentado que se pare.Como estou morando no interior, não passo muito frequentemente por isso. Mas sempre que vou à São Paulo visitar minha família, o poizé volta entupido desses panfletos.
Certo. Um belo dia, lá em Sampa, tinha que fazer um certo trajeto, onde passaria por cruzamentos movimentados. Por cinco bairros diferentes. Iria buscar uma tia pra levar na casa da minha mãe. Resolvi deixar a janela do poizé bem aberta e pegar todos os papéis que me dessem. Não rejeitar nenhum, mesmo os repetidos. Pois bem, saí às 9:30 e voltei às 10:45. Na contagem, que surpresa: 78 panfletos em 1h15 de rolê!
Isso mesmo: setenta e oito papéis.
Agora imaginem: quantas pessoas pegam a mesma quantidade de papéis? Quantas pessoas fazem como eu e jogam os mesmos no lixo da coleta seletiva, e quantas simplesmente jogam os mesmos no meio da rua quando o farol abre? Quantas árvores tiveram que ser cortadas (não importa se é madeira de reflorestamento ou não) pra produzir tudo isso? E quantas pessoas realmente leram aquilo e compraram alguma coisa?
A causa é mais séria que se pensa. Não é só o fato de um motorista estressado que não aguenta mais receber papéis. O negócio é ambiental mesmo. Porra, o planeta tá indo pro buraco! Quanta água não foi usada nesse processo de produção do papel? Será que o pessoal não vê que isso é, de certa forma, uma publicidade bem destrutiva? Não! Eles só estão interessados em vender o produto deles.
Na boa: quer comprar, compre mas não seja burro. Seja consumista, mas consciente. Se for pra comprar algo, torrar a sua grana do trampo ou da mesada, pense um pouco e escolha aquele que agride menos o ambiente, desde a publicidade até o produto final. Mesmo que custe um pouquinho mais caro.
Seu bolso pode não agradecer, mas o planeta agradece.
PS: Já que as eleições estão chegando, lembre-se disso: será que o candidato que eu escolher também está emporcalhando a cidade?

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