segunda-feira, abril 11, 2005

kill the cow

Certo tempo atrás (eu não sei pois não era nascido), em um país distante, havia uma aldeia. Nessa aldeia viviam pessoas pobres, porém uma família chamava a atenção. Eles viviam apenas de uma vaca - o que a vaca produzia de leite, eles consumiam uma parte e vendiam o resto. Não era muito o leite que vendiam, mas garantia-lhes o sustento.

Um dia, passaram por esta aldeia, dois andarilhos: um velho sábio e um jovem que o seguia.

Ao conhecer o lugar, o jovem se comoveu com a situação da pobre família que, realmente, era a mais pobre de todas.

O jovem perguntou ao sábio:

- Então, senhor, como faço para ajudá-los? Poderia sugerir para que trabalhassem na lavoura coletiva, ou que aprendessem a um ofício, poderia ensiná-los...

O sábio, então, respondeu:

-Quer ajudá-los? Mate a vaca.

-Mas como? É o único meio de sustento deles! -respondeu o jovem.

-Se quiser continuar a me seguir e conhecer o mundo, faça isso.

Então, muito contra a vontade, na calada da noite o jovem foi à casa da tal família e matou a vaca. No que voltou, o sábio ordenou que partissem.

Passaram-se meses e anos, e o jovem ainda tinha o remorso de ter matado a vaca daquela família em seu coração. De repente, em mais uma das andanças dos dois, o mesmo reconheceu o antigo vilarejo. Quis, logo de cara, procurar a família a quem acreditava ter feito tanto mal.

-Procure-os, vai ser bom pra você - disse o sábio.

O jovem saiu à procura da família. Foi à antiga fazenda. Descobriu que não mais moravam ali. Foi reunindo informações até que chegou a uma grande fazenda, lotada de pomares e plantações. A maior que já tinha visto. Chegou à porta da casa e logo reconheceu o velho senhor, pai da família.

-Com licença, mas eram vocês que moravam no vilarejo próximo daqui, que tinham uma vaquinha?

-Sim, éramos nós mesmos... Mas um dia a vaca morreu e...

-Eu preciso confessar - disse o rapaz - fui eu que...

-E foi a melhor coisa que nos aconteceu. Com a morte da vaca, tivemos que fazer outra coisa. Começamos a plantar. E a terra por aqui é boa, sabe? Então, plantando e vendendo, começamos a comprar mais terras, pra plantar e vender mais. Passaram-se os anos, hoje somos donos desta enorme fazenda... e de mais de metade das terras do vilarejo. Olhe por aqui... até onde pode ver chão, é tudo nosso!

-Er... era só pra saber, mesmo. Obrigado.


Moral da história: todos nós, em certo momento, temos uma "vaquinha" que nos prende, que nos faz sentir confortáveis. Mas às vezes, quando tudo já não é o bastante, temos é que matar a vaca mesmo e nos virar. Mudar.

sexta-feira, abril 01, 2005

diálogos

Um belo dia, no trabalho...

Barbosa: São as pequenas coisas que fazem a diferença.

Gaúcho: Será mesmo?

Barbosa: Sim, o bom é fazer o que você gosta. Imagina o pescador lá no meio do rio, velhinho, tomando aquele sol, com a rede o dia inteiro no barco... ele é feliz!

Eu: Ele gosta disso.

Barbosa: Isso... ele gosta, por isso se sente feliz.

Eu: Seria como matar a vaca [piada interna]. Muita gente não sabe o que gosta, mas se sabe o que não gosta já é um bom começo.

Barbosa: Mais ou menos... por exemplo, eu gosto de cerveja. Aí o pessoal fala: olha aquele cara bebendo, coitado... mas eu gosto, eu sou feliz assim!

Gaúcho: Verdade.

Eu: Disse tudo. Não precisa dizer mais nada.

Barbosa: O que a gente precisa é matar as nossas vacas [/piada interna].

a história das vacas vem em um próximo post.