sexta-feira, dezembro 17, 2004

já era

O ano já era. E o que eu fiz de bom?

Não, não vou entrar naqueles existencialismos retrospectivos e nem nas questões filosóficas. Até porque não sou chegado, vocês sabem, em todos esses negócios de "anonovoblábláblá" e coisa e tal.

Mas enfim... o que eu fiz de bom esse ano? Simples: conheci pessoas fantásticas. Pessoas maravilhosas, inteligentes, críticas, pessoas com quem eu tenho gosto de conversar. Algumas meio sumidas. Outras sempre ali.

Ah, não vou citar nomes, não. Não precisa, essas pessoas entram aqui e sabem que são elas.

Bom... por 2004 é isso. Já era.

FUI!

ah: não esqueci do presente do Amigo Oculto, não. Será entregue no prazo!

segunda-feira, dezembro 13, 2004

bola de neve

nota: pra preservar o sigilo de algumas pessoas, alguns nomes citados neste post são fictícios, outros são verdadeiros.

Outro dia eu peguei o telefone e liguei pra uma amiga minha.

Eu: Alô... a Si...
Pessoa que atendeu: Não, não está.
Eu: Mas será que e...
Pessoa que atendeu: Demora sim. Talvez chegue só amanhã.
Eu: Então por fa...
Pessoa que atendeu: Sim, eu deixo recado. Tchau.
Eu: Tch... (tu tu tu tu tu...)

Há pessoas que não gostam muito de conversa. E algumas dessas algumas pessoas explicitam muito bem isso numa conversa telefônica como esta descrita aí em cima, cortando suas palavras e quase adivinhando o que você quer dizer. Ainda se quem atendeu fosse a mãe da garota seria um pouquinho justificável, mas não, era a empregada. Não que eu tenha algo contra empregadas domésticas, não (até porque sou pobre e minha família nunca teve uma); mas aquela se sente a dona da casa, do tipo que se sente mais importante que a patroa. E, por alguns motivos que não caberiam aqui, já há tempos nutro antipatia por esta pessoa que foi minha interlocutora na curta conversa telefônica.

Engraçado é que isso me fez lembrar de uma época distante (tá, nem tanto) da minha vida, quando eu estava na sexta série e tinha uns 12 anos. Tinha uma amiguinha da classe que se chamava Marília. Uma gracinha, tanto interna como externamente. E ela tinha vários amiguinhos na classe, entre eles eu.
Essa menina morava num prédio próximo à minha casa, então depois da aula eu e os coleguinhas combinávamos de ir na casa dela, ficar conversando no portão. Coisa de molecada, até rolavam uns beijinhos escondidos atrás do prédio de vez em quando.
A mãe dessa menina, quando começou a ver que, a cada dia, a portaria do prédio continuava infestada daqueles pirralhos de 12 anos de idade "que não tinham nada pra fazer", deu ordem expressa ao porteiro pra que ele não deixasse ninguém entrar no prédio, e nem mesmo interfonasse no apartamento pra chamar a garota. Foi a corda pro cara se sentir poderoso.
Nós, os moleques vagabundos, continuávamos indo ao prédio procurar por Marília, mas o porteiro negava constantemente sua presença no prédio. "Ela saiu", ele sempre dizia.
Nós telefonávamos e ela nos atendia, quando chegávamos no prédio o cara dizia que não estava. Até que um dia combinamos uma "operação de guerra". Ligaríamos e pediríamos pra ela descer, quando ela já estivesse lá embaixo o porteiro chato não poderia fazer mais nada.
Chegamos, lá estava a menina nos esperando, pedimos pro porteiro abrir, e recebemos uma negativa. Marília pediu, inutilmente. Ao que o homem bigodudo respondeu:

-Sinto muito. Ordens de Dona Márcia.

Passou o tempo, muitas coisas aconteceram. Depois de onze anos ainda tenho contato com aqueles moleques vagabundos que, hoje, trabalham e estudam, assim como eu. Sempre saímos pra tomar uma cerveja. Foi num desses dias que, estávamos no Largo da Matriz da Freguesia do Ó, em São Paulo, e era época de campanha política. Então havia muitos santinhos e propagandas de políticos emporcalhando a calçada, a rua, as mesas, os botecos e até nossos bolsos. Quando vem uma mulher falar de suas propostas pra nós, que estávamos sentados à mesa e apreciando a Schin gelada (que não é a melhor, mas é a mais barata).
Eu lembrava daquele rosto. Os moleques também lembravam. Ficamos ouvindo dois minutos a ladainha, quando a mulher entregou o panfleto com o nome: Márcia Barral, candidata a vereadora.
Ela perguntou: "Vocês já têm candidato para vereador?"
Eu respondi: "Não tenho, mas na senhora eu não voto. SE a gente pudesse ter subido no apartamento da Marília há ONZE anos atrás, até pensaria a respeito."
Os moleques olharam com cara de espanto. A candidata olhou pra mim, com cara de desaprovação, depois deu um sorriso amarelíssimo, virou as costas e nem continuou a panfletar.
Depois olhei pros moleques, eles olharam pra mim, e foi só risada. Mas risada mesmo foi quando descobrimos que esta distinta senhora não conseguiu sua vaga para mamar nas tetas do Estado de vereadora por CINCO votos. Isso mesmo, cinco votos. Sério mesmo. Os votos dos moleques que ela não deixou subir no prédio poderiam tê-la garantido quatro anos de vida boa.

Agora, depois de ler este puta post enorme e chato, você pergunta: e a moral da história? Não tem moral da história.

Agora podem me xingar.

sábado, dezembro 11, 2004

çensoautocritico é bão

nAdA pOdi pArAr NoSsO bOnDi diz:
eu odeio ipocrezia e falsidadi... e vc?

nAdA pOdi pArAr NoSsO bOnDi diz:
huahsheehsihshau XD

senil e ranzinza diz:
hum... e gosta de charlie brown jr... imagino

nAdA pOdi pArAr NoSsO bOnDi diz:
eh gosto msm...

nAdA pOdi pArAr NoSsO bOnDi diz:
xoraum eh fodaum... "mAiS kI sI FODAAAA heishua"

senil e ranzinza diz:
espera um pouco, o telefone tá tocando...

nAdA pOdi pArAr NoSsO bOnDi diz:
tah bom XP

toma!


update interessante: sabiam que o grupo que controla a "89 rádio roque" tá querendo se juntar ao grupo Bandeirantes de rádio, que controla a Band e a (eca!) Sucesso?

terça-feira, dezembro 07, 2004

Eu quero fazer uma música que não tenha versos. Pois não mais preciso das palavras, ah, essa maldita simbologia que inventaram pra tentarmos colocar em papéis o que sentimos. Não quero dizer, não quero mais nem mesmo ouvir a minha voz, ela não é mais necessária. Quero sim entender o que diz o olhar, a interpretação subliminar do que transparece a alma e transcende o corpo.

Quero gritar, mas minha voz não sai. Tento inutilmente colocar em folhas de papel, em palavras o que se passa na minha cabeça perturbada. Mas não, não é mais necessário, nada mais que a expressão, os olhos, a cara deslavada. O meio termo já não existe mais e somos todos telepatas.

Quero viver, quero voar sobre este céu cheio de antenas de rádio e rir de todos, quero sentir de longe o cheiro da gasolina que não me é mais necessária, dos sapatos que não mais uso, a velha luz branca do escritório agora deu lugar à intensa luz do Sol. Quero me fazer entender, mas não por estas roupas sociais tão inúteis, não pelo toque do telefone ou pela mensagem do e-mail, pois não mais preciso das leis antiquadas da Física. Einstein, Tesla, Newton, estão todos mortos!

Eu perdi o paraíso mas ganhei inteligência. E me fiz livre, e vejo sua face daqui do alto, e nos entendemos. Você me pede pra esperar, mas não há tempo, eles te aprisionam. O que espera pra voar, percorrer o céu infinito sem gravidade? E, depois do vôo acima dos Boeings que viajam a 1000 km/h, descermos e apreciarmos a simplicidade do sorvete, das asas dos pássaros, a leveza das águas que insistem em fluir?

Não. Não diga que não avisei, não pense, não reflita, se eu não corresse eles me alcançariam. Se eu não tivesse corrido não seria mais eu. Seria um, seria simples, simplista, seria um verso. Um mísero verso num livro revolucionário.

Mas eu não mais preciso das palavras. Ah, velhas e antiquadas palavras...

quinta-feira, dezembro 02, 2004

bons tempos que não passaram...

Às vezes eu sinto saudades de um tempo que não vivi. Olho pros dias de hoje, vejo essas pessoas, essa juventude, caminhando pro nada, vivendo um imenso vazio, onde o que importa é ter e ser, princípio, meio e fim, vivendo o que a mídia mostra e deixando esta mesma mídia pensar por elas...

Gosto muito de ler e ver coisas sobre os tempos antigos, principalmente nas grandes cidades. Tempos antigos que eu digo é até uns cinquenta anos atrás. Épocas de desejos, de idéias, revoluções, expressões culturais como jamais vistas, contestação de valores, ideais... Época em que não se era simplista, mas se acreditava no valor das pequenas coisas, e que, por elas, chegaríamos às grandes realizações; época em que se começava a questionar o porquê das coisas, e tentava-se mudar, principalmente no Brasil dos anos 60, época dos ferrenhos anos da ditadura militar; época de renovações culturais, o florescimento do rock and roll, a atitude paz e amor, o do it yourself de 1977...

Foco minha atenção nos dias de hoje. Olho em volta, vejo a vida, vejo a minha vida e o meu modo de viver, vejo o modo de viver das pessoas em geral, e pergunto: Onde isso vai nos levar? Quais os nossos sonhos? Os nossos desejos? Hoje em dia tudo é de plástico, descartável, as idéias têm prazo de validade, os sentimentos são vendidos em embalagem de chicletes em baladas, pra mascar e jogar fora, a atitude é ter bens, posses, uma conta no banco, senão você está fora do mercado consumidor... Eu tento mudar as estações, mas as rádios não tocam a música que eu quero ouvir, a música que fala do que eu sinto, do que eu penso!!!

Nossa geração perdida... perdida no meio de tanto tentar se achar, geração desgraçada, sem rumo, imediatista, materialista e perdulária...

Então volto meus olhos e minha cabeça pr'aquele passado que pra mim não existiu, do qual ouço e vejo histórias sempre tão fascinantes e que me embalam... e me perco entre o real e o imaginário, ao me achar como um personagem de um tempo que ainda não passou.

Talvez seja melhor desse jeito.