sábado, julho 31, 2004

O DIA EM QUE AS MÁQUINAS VIRARAM AO CONTRÁRIO

Dormiu bem. Acordou e olhou tudo, era estranho. Estava escuro. Foi à sala e ligou a TV, que na verdade, estava ligada, e desligou.Na cozinha, a mulher, estranhamente, colocava o prato quente no microondas, e o mesmo saía frio. Direto para os potes de plástico que se guarda na geladeira.

Resolveu sair pra trabalhar. Como estava escuro, não sabia se estava atrasado; tinha o péssimo(?) costume de odiar relógios. Sempre acordou sozinho, adivinhava as horas com precisão de segundos. Ao ligar o automóvel, percebeu que o barulho estava diferente; olhou para o escapamento e viu a fumaça entrar em vez de sair. Engatou a primeira; e o carro andou, para trás.

Pegou a avenida, depois a marginal. Achava estranho, mas tudo parecia tão normal: todos os carros estavam andando de ré, os ônibus, as pessoas entravam por trás e saíam pela frente. Como se por toda sua vida fosse assim.
Ao chegar na fábrica de pregos, viu o fax que recebeu. Entrando no aparelho, e se enrolando na bobina. Em sua máquina, o mais absurdo: entravam pregos e saíam pedaços brutos de ferro.

O dia começou a clarear.

Cafés que, subitamente, entravam nas garrafas térmicas. O seu cigarro, começava pela bituca, acabava apagado, e ele o guardava no maço de novo. Então foi ao restaurante, hora do almoço. O mesmo self-service, a mesma hora: duas e quatorze. As pessoas tiravam a comida da boca e depositavam nos pratos, depois punham tudo nas bandejas, devolviam os pratos limpos e recebiam seu vale-refeição.

Achou nojento. Mas com ele não foi diferente. E parecia tudo normal.

De novo, trabalho. Mais pregos entrando, e lingotes saindo. Cafés voadores, desafiando a lei da gravidade. Canetas que se enchiam de tinta conforme se ia desescrevendo os papéis.Voltou pra casa. O carro não quis ir pra frente de novo. Sempre de ré.
Então viu, pela janela, o metrô, que passava por entre as duas pistas da avenida: em vez de ir, vinha. Esvaziando. Finalmente em casa, quando o despertador tocou ao contrário (ele odiava despertadores, mas a mulher insistia:"benzinho, emprego tá difícil, e se você perde a hora?") percebeu que era hora de dormir.

Mas não dormiu. Acordou. Para dormir, de novo, às vinte e duas horas do dia de ontem.

sexta-feira, julho 30, 2004

MEDO

Como a independência gera medo!!!

Medo de quem detém o poder. Principalmente o cultural, mais especificamente falando dos detentores de direitos de direitos autorais (isso mesmo, direitos de direitos autorais: aqueles que possuem o direito de comercialização de obras com direito autoral), as grandes gravadoras. Agora parece que esse terror está se parecendo mais ainda com terror pra quem manipula a informação absorvida pelas massas, a indústria de jornalismo musical.

No mínimo interessante uma reportagem lida no Observatório da Imprensa (observatorio.ultimosegundo.ig.com.br) de um jornalista chamado Rodney Brocanelli. Pelo que me parece o mesmo escreve também em mídias ligadas à música em si. Bom, vamos ao que importa: não deu pra entender direito se o cara colocou um ponto contra ou a favor, ou as duas coisas ao mesmo tempo (algo comum na mídia hoje pra confundir as pessoas), quando citou que a revolução do mp3 criou uma "nova vítima": a imprensa especializada em música, tão manipuladora e maniqueísta como as famigeradas gravadoras.

Vamos a alguns trechos da reportagem:

"Depois de provocar estragos à indústria do disco, o Mp3 (arquivos de áudio com qualidade próxima à do CD) parece estar fazendo uma nova vítima: o jornalismo musical. Pelo menos este é o diagnóstico de nove entre 10 especialistas no assunto(...)"
"(...)quem não compra CD dificilmente comprará revistas que falam de música."
"De qualquer forma, parece que dois vilões dessa crise que assola o jornalismo musical já são conhecidos: os blogs e os e-zines. Para um certo articulista da revista Rock Press, eles 'são elementos que contribuem para a completa banalização do ofício de jornalista musical'."


É, meus caros... com certeza é indignante pra qualquer um que gastou mais de 30 mil reais em seus quatro anos de faculdade de jornalismo ver que qualquer pessoa que esteja com um computador ao alcance das mãos possa publicar na internet o que quiser, pra quantos que quiserem ler.A internet não é democrática, é mais que isso: LIVRE. Todos têm o direito de expressar suas idéias, pra quem quiser ler, doa a quem doer. E mais ainda que isso: TODOS QUE LÊEM PODEM ESCOLHER O QUE QUEREM LER.

Com certeza, quem não compra CD está cagando pras revistas de música. Quem baixa música na internet vai é fazer suas próprias críticas e ler as críticas e resenhas de quem realmente interessa: o ouvinte comum, assim como ele que baixa a música.

É a revolução silenciosa. A nossa revolução. Comendo pelas beiradas.

Vou fazer um paralelo (que pode até ser meio nada a ver mas serve só pra ilustrar) com um fato ocorrido na década de 80, onde o então presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, falou brincando, antes de um pronunciamento oficial, que "acabava de aprovar uma lei que acabaria de vez com a União Soviética, e que começariam a bombardear em cinco minutos". A brincadeira foi ao ar sem querer. Hoje nós é que fazemos esse pronunciamento: acabamos de aprovar uma lei nossa, uma lei não-oficial, que vai acabar de vez com a dominação das massas: a lei da "expressão não-acadêmica", a voz dos que não fizeram faculdade de comunicação.

Desta vez não é brincadeira. E já estamos bombardeando.

quarta-feira, julho 28, 2004

TV diFAMA

Abrem-se as cortinas. Começa o show. Garotos e garotas começam a cantar músicas do jeito que os produtores falaram que era certo. Roupas indicadas pelos figurinistas, passos ensinados pelos coreógrafos, todos choram ao ouvir as palmas, e vamos saber quem sai da casa.

Bah.

Não assisto o tal do Fama Show. Vejo o infame "Fama no ar" porque passa entre o Jô e o Intercine. E me dá vontade de ir cagar.

Me respondam: arte tem regra? A música deve ser cantada dessa ou daquela maneira? Por que, pra fazer o tal "sucesso", eles têm que cantar, dançar e se vestir de tal maneira?

Existe uma tênue linha que separa fazer o que gosta do que fazer sucesso.
Não estou criticando (agora, pelo menos) nenhum estilo musical: sei que existem pessoas que gostam tanto do sertanejo quanto pessoas que gostam da MPB, do death metal, do gangsta rap, do maxixe...enfim... mas o que me assusta é a tal manipulação. Porra... me deixe entender: se quero fazer sucesso tenho que usar padrões. Padrões para a voz, para os passinhos, para a fala, para o sotaque (ixe, cantar com sotaque do interiorrrr nem pensar então!), para a hora de ir ao banheiro, deve ser tudo como as gravadoras querem!

E ai de quem desobedecer. É eliminado da casa.

É só ligar o rádio pra ouvir chiados e ruídos. Até mesmo o meu amado rock and roll está empesteado de Ticos Santa Cruz e Chorões...

Se você é músico, mesmo que o que você faça seja uma merda em termos de técnica, está saindo de seus intestinos. Orgulhe-se. Haverá gente que irá curtir. Agora, se você quiser se vender...

O preço que se paga às vezes é alto demais...

O underground é legal. As gravadoras são bobas e feias.

terça-feira, julho 27, 2004

NOSSA LÍNGUA (?) PORTUGUESA

O maior bem de um povo é sua cultura. Historicamente, as grandes conquistas no mundo foram feitas massacrando a cultura regional dos povos conquistados. Vejam os astecas, incas e maias, conquistados pelos espanhóis; os índios conquistados pelos portugueses, e mais recentemente, o Iraque pelos Estados Unidos.
 
Tá. Vamos pegar um exemplo básico, do nosso dia-a-dia.
 
Fulano chega no shopping center e vai logo ao primeiro fast-food comer um Big Mac ou tomar um milk-shake. Depois, passa na surfwear pra ver umas roupinhas, na pet shop pra ver os bichinhos, passa no cinema pra ver aquele filme americano, falado em inglês, cheio de atores americanos com cara de nerds e bandeiras americanas, tomando a sua Coca-Cola e comendo uma Ruffles. Ou prefere um cereal bar? Bom, saindo de lá, vai à lan house mais próxima jogar Counter Strike, toma uma Sprite e vai pra casa, feliz e sorridente. Pois há coisas que o dinheiro não compra, pra todas as outras existe Mastercard.
Fulano vive uma vida on, tem grana pra gastar, só fuma cigarros light, toma whisky com Red Bull na night, detesta os losers e sonha à noite com as cheerleaders dos filmes americanos, ou com os personagens das suas séries favoritas: Baywatch e Friends.
 
E, é claro, não percebe a influência que a tal da cultura americana tem sobre sua vida.
 
Ahhh mas vc usa um nickname em ingleis na internet!!! Vc naum pode criticar isso!!! Seu loser!!!
 
O problema não é usar apelidos em inglês. É muitas vezes não falar nem o português direito e querer usar uma língua de outro país. Ah, no mais, que se foda.
 
Tio Sam deve estar sapateando no caixão do Rui Barbosa.
 
(Espera aí que vou esvaziar meu saco de vômito e já volto.)
 

segunda-feira, julho 26, 2004

VOX POPULI, VOX DEI

Cultura. Música. Ser. Sofrer. Sentir. Dor e prazer. Talvez nada disso faça sentido.
Vem uma crise existencial... o que é real? O que é a vida? Será que é como na telinha da Globo, nas novelas, onde só há gente bonita, caras musculosos e mulheres gostosas? Onde o pessoal tem grana? Onde parece que a vida é perfeita? Onde as pessoas estão sempre rindo e cantarolando?

TV me deixa deveras atordoado. O Fantástico me faz passar mal. A musiquinha me lembra que é hora de dormir.

Fecham-se as cortinas. E o povo aplaude.

domingo, julho 25, 2004

INUTILIDADE PÚBLICA

A internet tem cada coisa útil... Mas cada coisa que eu não sei como que poderíamos viver sem elas. Coisas que com certeza irão transcender as gerações.

Como por exemplo esse anúncio que eu acabei de ver:

 "Torradeira legal: grave o rosto do Panda no seu pão. Por apenas R$53,40."

Ou então:

"Rádio relógio com projetor de hora para parede e teto. Por módicos R$87,00" .

Realmente nem saberia como viver sem isso.

Dââââââââ.





sábado, julho 24, 2004

COM OU SEM CREME?

Quem nunca tomou uma única xícara de café na vida, mesmo que não goste, que atire a primeira garrafa térmica. O café é maravilhoso. É uma das bebidas mais perfeitas: dá ânimo quando você está pra baixo, e acalma quando você está estressado.
 
Pra mim é um costume, faz parte da minha vida.
 
De manhã, café, pão com manteiga e mais café. Chegando no trabalho, café, um cigarrinho e mais um café, trabalho e café alternados. Depois do almoço, café, é claro. Mais trabalho e mais café. Hora de ir embora, mais um cafezinho pra não perder o costume. Se é sexta ou sábado, depois das cachaças com o pessoal, tem que ter um cafezinho pra não dar muita ressaca no dia seguinte. E, antes de dormir, depois do programa do Jô, mais um cafezinho, dessa vez solúvel, que você ferve a água e joga o pó direto na xícara.

Quando vou pra Sampa (aliás, São Paulo cresceu no fim do século retrasado e início do passado por causa do café) nos fins de semana, nas madrugadas usando o computador da minha irmã, muito, muito café, do bom, daquele que só a minha avó sabe fazer. Do coador de pano. 

Acho que estou viciado.

sexta-feira, julho 23, 2004

DIGNIFICA OU NÃO?

Estou eu, aqui no trabalho, às 3:25 da madrugada, me preparando pra ir embora depois de váááárias horas extras. Mas tive uma inspiração súbita e resolvi postar. Pois por mais que uns digam que sim e outros não, a pergunta ainda não quer calar:Afinal, o trabalho dignifica ou não o homem?
Eu posso dizer que sou uma das poucas pessoas que dizem sem peso na consciência que gostam de trabalhar. Sério mesmo, é fantástico. É mais que executar uma função pra ganhar dinheiro: é como uma terapia ocupacional.
Não digo o trabalho como aquele chefe chato dando ordens o tempo todo, trabalhar sob pressão e prazos apertadíssimos. Isso é coisa pra doido mesmo. Mas sim o trabalho como quero e gosto: gosto do que faço e gosto de ver as coisas dando resultados. Talvez por eu ter uma certa autonomia quanto à minha maneira de trabalhar.
Trabalho dignifica sim o homem (entenda-se ser humano) e muito mais: cria responsabilidades. Ainda me lembro de quando estava na faculdade, intervalo de aula, conversando numa rodinha de colegas, e todos com mais ou menos 21 anos, conversando de suas ocupações. Quando chegamos pra um dos colegas e perguntamos:

-E você, o que faz da vida?
-Eu não trabalho. Só estudo.
-Como?-responderam os cinco em uníssono.-É, nunca trabalhei. Só vou querer trabalhar quando terminar a faculdade.
Detalhe: faculdade paga. Pra ele, pelo papis ou pela mamis, é lógico. Sei lá, acredito que existem realidades diferentes, níveis sociais muito diferentes, mas eu e os outros ficamos um pouco espantados. Eu mais ainda. Simplesmente não entra na minha cabeça o fato de um cara de 21 anos de idade nunca ter trabalhado na vida! Com certeza pela minha realidade ser diferente da dele.
Nada contra, nem nada a favor. Só acho que trabalhar é bem melhor que ficar sem fazer nada o dia todo. Claro que férias e fins de semana são uma maravilha. Mas como minha mãe sempre disse (e minha mãe é foda), mente vazia é a oficina do capetão.



::comentário de última hora - o sistema de comments da haloscan já está funcionando. Hoje que deu uma acalmadinha aqui no trampo que eu pude colocar.

quarta-feira, julho 21, 2004

FRIO É PSICOLÓGICO

Quem fala uma coisa dessas deve, no mínimo, ser masoquista ou ter graves problemas de percepção (como não diferenciar o movimento que fez do que faz, ou diferenciar uma porta aberta de uma fechada), pois quando o negócio começa a congelar, Deus nos acuda!
Um friozinho de vez em quando é bom. Pra ficar sem fazer nada o dia todo. Ver sessão da tarde, comer pipoca e ficar debaixo do cobertor na sala. Mas é claro, de vez em quando. Me lembro de já ter pego 5ºC em São Paulo, em 1996 eu acho. Mas nessa época eu tinha tempo pra essas maravilhas do ócio que citei acima.Mas agora, imagina estar trabalhando num lugar que venta pra caralho, e até meia noite??? Três blusas são pouco! Aqui em Itu, quando faz 26º parece que está 37. Mas quando faz 10º parece que tá 5º. Deve ser pela falta de efeito estufa (nessas horas é que eu sinto saudade da poluição de Sampa).E pra dormir então? Não tem cobertor que chegue. Pode-se tomar todos os chás do mundo que eles gelam no contato com o ar (tá, exagerei um pouco). E o banho então??? Puta merda... o chuveiro demora pacas pra esquentar, e de repente acaba a água! É, aqui isso é comum.Nada contra quem faz isso. Mas eu acho que ir pra Campos do Jordão passar frio (pra quem pode, é lógico) é coisa de quem não tem algo melhor pra torrar a grana. Se pelo menos lá tivesse neve pra ver, valeria a pena passar frio. Mas nem isso! Mesmo que eu tivesse $$$ pra ir prum lugar desses, preferia ficar debaixo do cobertor vendo a reprise de "A Lagoa Azul", ou um episódio do Chaves (que, falando nisso, não está passando mais. Hunf!).
Na boa... dizem que o mundo vai acabar em fogo? O caralho! Vai é acabar em gelo. Que nem no "Dia depois de amanhã".

terça-feira, julho 20, 2004

PANFLETAGEM

Quem mora em cidade grande sabe o que é o drama de receber, nos semáforos, milhares de panfletos de propaganda. Carros usados, apartamentos belíssimos (99% das vezes fora do poder aquisitivo de quem recebe o papel), seguros, plano de saúde, a boca de fumo nova que abriu no bairro... Etc, etc e etc.Tá bom. Sei que é o trabalho daquelas meninas que distribuem os papéis. Sei que dá emprego pra quem trabalha nas gráficas que produzem os mesmos. Mas eu fico realmente emputecido quando vem aquela horda de entregadores/as em qualquer cruzamento mais movimentado que se pare.Como estou morando no interior, não passo muito frequentemente por isso. Mas sempre que vou à São Paulo visitar minha família, o poizé volta entupido desses panfletos.
Certo. Um belo dia, lá em Sampa, tinha que fazer um certo trajeto, onde passaria por cruzamentos movimentados. Por cinco bairros diferentes. Iria buscar uma tia pra levar na casa da minha mãe. Resolvi deixar a janela do poizé bem aberta e pegar todos os papéis que me dessem. Não rejeitar nenhum, mesmo os repetidos. Pois bem, saí às 9:30 e voltei às 10:45. Na contagem, que surpresa: 78 panfletos em 1h15 de rolê!
Isso mesmo: setenta e oito papéis.
Agora imaginem: quantas pessoas pegam a mesma quantidade de papéis? Quantas pessoas fazem como eu e jogam os mesmos no lixo da coleta seletiva, e quantas simplesmente jogam os mesmos no meio da rua quando o farol abre? Quantas árvores tiveram que ser cortadas (não importa se é madeira de reflorestamento ou não) pra produzir tudo isso? E quantas pessoas realmente leram aquilo e compraram alguma coisa?
A causa é mais séria que se pensa. Não é só o fato de um motorista estressado que não aguenta mais receber papéis. O negócio é ambiental mesmo. Porra, o planeta tá indo pro buraco! Quanta água não foi usada nesse processo de produção do papel? Será que o pessoal não vê que isso é, de certa forma, uma publicidade bem destrutiva? Não! Eles só estão interessados em vender o produto deles.
Na boa: quer comprar, compre mas não seja burro. Seja consumista, mas consciente. Se for pra comprar algo, torrar a sua grana do trampo ou da mesada, pense um pouco e escolha aquele que agride menos o ambiente, desde a publicidade até o produto final. Mesmo que custe um pouquinho mais caro.
Seu bolso pode não agradecer, mas o planeta agradece.
PS: Já que as eleições estão chegando, lembre-se disso: será que o candidato que eu escolher também está emporcalhando a cidade?

segunda-feira, julho 19, 2004

TEM SENTIDO?

Essa é uma pergunta que já me fizeram muitas vezes: qual é o sentido da vida??? E eu mesmo já me fiz e fiz pra várias pessoas essa mesma pergunta. Na verdade é fácil e não é fácil responder.
Eu prefiro responder assim:
-Do que você não gosta?
Aí a pessoa pensa um pouco e me responde. No que imediatamente respondo a ela:
-Então já começou bem. Não é isso.
 
Claro que não existem verdades únicas. O que eu digo é apenas a minha interpretação de "sentido da vida".
 
sen.ti.do s.m. Direção a ser tomada; rumo, caminho (dentre outros significados)
 
O sentido da vida seria então o caminho que deveríamos seguir??? NÃO EXATAMENTE!!!!
Não o que deveríamos. E sim o que queremos. Como eu sempre digo que saber o que se quer é difícil, mas saber o que não se quer é mais fácil, podemos partir daí.
-Ah, então todos nós temos um sentido na vida??
Depende. Você sonha?? Você tem desejos, sejam eles quais forem? Na minha opinião isso é o que orienta nossas ações. O que mais queremos e sonhamos na nossa vida. Não exatamente como aqueles sonhos de criança quando sonhamos em ser astronautas ou jogadores de futebol, mas quase isso.
O que eu quero da minha vida???
 
Então é só seguir isso. E sempre se dá um jeito, pode não ser agora, mas dá-se um jeito.
 
Como eu já disse e sempre digo, NÃO EXISTEM VERDADES ÚNICAS!!! Essa é a minha interpretação das coisas. O que eu penso e costumo falar pras pessoas. Não sei se todos pensam assim ou não, e nem acredito que tenham que pensar assim porque alguém escreveu.
 
Agora, uma coisa que eu sei que muitos pensam igual a mim, é que o sonho move o ser humano. Sem sonhar o homem morre (entenda-se como homem raça humana). E morre mesmo.
 
E como eu ainda não sei totalmente o que quero, mas sei bem o que não quero, cito um pedaço daquela música que diz assim: "Um homem morto aos 30, em uma boa posição - esse é você".
 
 

sábado, julho 17, 2004

CHAVES, CIDADÃO DO MUNDO

Vou contar pros visitantes uma pequena história. A história de como tudo começou pra mim.
 
Há muitas pessoas que se intitulam revoltadas, contra o sistema, mas nasceram em berço de ouro, nunca tiveram problemas pra ter boas escolas e tudo que quisessem no natal e aniversário, sempre tiveram estabilidade na família...
 
Sempre gostei de assistir Chaves. A estória do menino pobre que morava no barril, numa vila de casas alugadas, com seus vizinhos tão engraçados quanto ele, que sempre se metiam em confusão. E dentre todas as coisas que marcaram minha infância, a frustração de nunca ter tido um óculos do Chaves. Se lembram? Aquele que o suco passava pelos seus olhos, era transparente... Divertido, mas nunca tive um.
E eu nos meus 8 ou 9 anos de idade pouco entendia de causas sociais, de pobreza e riqueza. Até que minha mãe me disse: Filho, eu queria muito te dar um óculos do Chaves, mas não tenho dinheiro pra comprar pra você e pras suas duas irmãs. E o óculos era barato, vendia em qualquer feira.
Nesse dia eu me perguntei: por que outras crianças têm pais que tem grana pra lhes comprar as coisas? No mesmo dia, quando fui ver o Chaves, passou aquele episódio dos desenhos. Onde eles desenham a máquina de uma tecla só, a carta feita com essa máquina, o sanduíche de ovo, o professor Girafales como um amarrado de linguiças com cabeça... e o que me chamou a atenção foi um dos desenhos do Chaves: a folha totalmente em branco. O professor Girafales pergunta a ele o que é aquilo, e ele responde:
"É O MEU CAFÉ DA MANHÃ DE TODAS AS MANHÃS..."
 
Isso mexeu com a minha cabeça de uma forma sem precedentes. Eu ainda tinha o café da manhã, mas até então não pensava muito nisso; mas e as crianças que não o tinham?
Com 9 anos de idade as crianças ficam revoltadas por não poder ter o brinquedo que o coleguinha tem, ou aquela caneta de dez cores com cheiro de frutas; comigo não foi muito diferente, afinal tinha nove anos. Mas com pouco tempo de observação, proporcionada pela abertura da minha mente que os fatos do óculos do Chaves e o café da manhã do Chaves me proporcionaram no mesmo dia, fui percebendo que Chaves não é uma estória, e sim história, com H. Não era a minha história. Mas quanto faltava pra chegar nisso?
Fui lendo coisas que as outras pessoas de 13, 14 anos não liam (eu só fui acessar a internet pela primeira vez em 1998) como páginas de política nos jornais e revistas semanais. Percebi que todos os meios de comunicação em massa diziam a mesma coisa com roupa diferente. Será que algo não estava errado?
Então comecei também a ouvir coisas diferentes. Sons puxados pro hardcore, pro punk rock, que diziam coisas que teoricamente muitos não teriam coragem de dizer em suas letras. Mais tarde fui descobrir também que a criação do movimento punk era uma farsa.
Fiquei perdido? Não! Já era tarde demais e o meu senso crítico já estava devidamente formado. Pude felizmente procurar saber coisas novas, e interpretá-las do meu jeito. Percebi que se atinge o sistema de dentro, e não de fora; então decidi estudar.
E o Chaves continuava passando na TV, com episódios de quase 30 anos atrás, mas sempre atual...
 
Enfim, sem contar detalhes da minha adolescência problemática, o que quero dizer é que, no meu caso, a revolta às vezes não tem cara de revolta; vem embrulhada em uniforme de funcionário da manutenção de uma multinacional e usa óculos. Mas é essa que é a verdadeira; não a do hardcore Estrondo e visual à Galeria do Rock, como vemos muito.
 
Chaves não é só um menino pobre que mora num barril, num cortiço qualquer num subúrbio do México; ele é cada criança pobre, cada criança sem perspectivas, cada projeto de marginal que não teve oportunidade de educação dada pelos pais.
Sempre em Arial e small. Só pra não esquecer. 
 

 E o mais legal é que dá pra postar várias vezes... não é que nem aquela merda do Blig, com um post e três comentários diários. Tá bom que eu ia pagar R$ 9,90 do meu suado dinheirinho pra eles. O caralho. Tenho coisa mais importante pra gastar. Por exemplo: cerveja.
 
Ah, novos visitantes... se alguém quiser fazer um template da hora pra mim eu aceito, viu? Valeu e boa viagem...

EM GRANDE ESTILO...

Pra começar em grande estilo... chutando a bunda do que é antiquado e resgatando o clássico... dando luz ao novo e mostrando pro mundo que a internet é a nossa grande privada eletrônica...
Não preciso escrever pra agradar ninguém. Bom... o importante é escrever... sempre com sinceridade, escrever o que penso e sinto. Mesmo que seja uma grande idiotice.
Parafraseando Kurt Cobain: "Se orgulhe do que você fez, mesmo que seja uma grande merda. Pois saiu dos seus intestinos".
Mesmo que seja um template by blogspot (perfeitamente explicável pois não tenho computador; posto do serviço e não tenho muito tempo pra mexer no template). Melhor by blogspot que by qualquer outra merda.
 
 

ALÔ, SOM...

Foda-se o Blig. Mudei de casa.

sexta-feira, julho 16, 2004

Ah... só pra não esquecer... Faith No More é a melhor banda de todos os tempos!!
 
Logo eu publico o post sobre as melhores bandas.