Certo tempo atrás (eu não sei pois não era nascido), em um país distante, havia uma aldeia. Nessa aldeia viviam pessoas pobres, porém uma família chamava a atenção. Eles viviam apenas de uma vaca - o que a vaca produzia de leite, eles consumiam uma parte e vendiam o resto. Não era muito o leite que vendiam, mas garantia-lhes o sustento.
Um dia, passaram por esta aldeia, dois andarilhos: um velho sábio e um jovem que o seguia.
Ao conhecer o lugar, o jovem se comoveu com a situação da pobre família que, realmente, era a mais pobre de todas.
O jovem perguntou ao sábio:
- Então, senhor, como faço para ajudá-los? Poderia sugerir para que trabalhassem na lavoura coletiva, ou que aprendessem a um ofício, poderia ensiná-los...
O sábio, então, respondeu:
-Quer ajudá-los? Mate a vaca.
-Mas como? É o único meio de sustento deles! -respondeu o jovem.
-Se quiser continuar a me seguir e conhecer o mundo, faça isso.
Então, muito contra a vontade, na calada da noite o jovem foi à casa da tal família e matou a vaca. No que voltou, o sábio ordenou que partissem.
Passaram-se meses e anos, e o jovem ainda tinha o remorso de ter matado a vaca daquela família em seu coração. De repente, em mais uma das andanças dos dois, o mesmo reconheceu o antigo vilarejo. Quis, logo de cara, procurar a família a quem acreditava ter feito tanto mal.
-Procure-os, vai ser bom pra você - disse o sábio.
O jovem saiu à procura da família. Foi à antiga fazenda. Descobriu que não mais moravam ali. Foi reunindo informações até que chegou a uma grande fazenda, lotada de pomares e plantações. A maior que já tinha visto. Chegou à porta da casa e logo reconheceu o velho senhor, pai da família.
-Com licença, mas eram vocês que moravam no vilarejo próximo daqui, que tinham uma vaquinha?
-Sim, éramos nós mesmos... Mas um dia a vaca morreu e...
-Eu preciso confessar - disse o rapaz - fui eu que...
-E foi a melhor coisa que nos aconteceu. Com a morte da vaca, tivemos que fazer outra coisa. Começamos a plantar. E a terra por aqui é boa, sabe? Então, plantando e vendendo, começamos a comprar mais terras, pra plantar e vender mais. Passaram-se os anos, hoje somos donos desta enorme fazenda... e de mais de metade das terras do vilarejo. Olhe por aqui... até onde pode ver chão, é tudo nosso!
-Er... era só pra saber, mesmo. Obrigado.
Moral da história: todos nós, em certo momento, temos uma "vaquinha" que nos prende, que nos faz sentir confortáveis. Mas às vezes, quando tudo já não é o bastante, temos é que matar a vaca mesmo e nos virar. Mudar.
segunda-feira, abril 11, 2005
sexta-feira, abril 01, 2005
diálogos
Um belo dia, no trabalho...
Barbosa: São as pequenas coisas que fazem a diferença.
Gaúcho: Será mesmo?
Barbosa: Sim, o bom é fazer o que você gosta. Imagina o pescador lá no meio do rio, velhinho, tomando aquele sol, com a rede o dia inteiro no barco... ele é feliz!
Eu: Ele gosta disso.
Barbosa: Isso... ele gosta, por isso se sente feliz.
Eu: Seria como matar a vaca [piada interna]. Muita gente não sabe o que gosta, mas se sabe o que não gosta já é um bom começo.
Barbosa: Mais ou menos... por exemplo, eu gosto de cerveja. Aí o pessoal fala: olha aquele cara bebendo, coitado... mas eu gosto, eu sou feliz assim!
Gaúcho: Verdade.
Eu: Disse tudo. Não precisa dizer mais nada.
Barbosa: O que a gente precisa é matar as nossas vacas [/piada interna].
a história das vacas vem em um próximo post.
Barbosa: São as pequenas coisas que fazem a diferença.
Gaúcho: Será mesmo?
Barbosa: Sim, o bom é fazer o que você gosta. Imagina o pescador lá no meio do rio, velhinho, tomando aquele sol, com a rede o dia inteiro no barco... ele é feliz!
Eu: Ele gosta disso.
Barbosa: Isso... ele gosta, por isso se sente feliz.
Eu: Seria como matar a vaca [piada interna]. Muita gente não sabe o que gosta, mas se sabe o que não gosta já é um bom começo.
Barbosa: Mais ou menos... por exemplo, eu gosto de cerveja. Aí o pessoal fala: olha aquele cara bebendo, coitado... mas eu gosto, eu sou feliz assim!
Gaúcho: Verdade.
Eu: Disse tudo. Não precisa dizer mais nada.
Barbosa: O que a gente precisa é matar as nossas vacas [/piada interna].
a história das vacas vem em um próximo post.
quarta-feira, março 30, 2005
quinta-feira, março 03, 2005
segunda-feira, fevereiro 28, 2005
sinergia
Quando eu digo que gosto de música, é a música que me agrada. Não importam os rótulos. Claro que tem que ter qualidade. Tendo qualidade, não importa se é rock, MPB, pop, zouke ou polka soviética.
A música tem uma influência forte pra caralho em mim. Eu sou meio viciado, assumo. Quem me conhece melhor sabe que são raras as vezes em que estou com a TV ligada; geralmente estou curtindo meus queridos CDs ou minha coleção de mais de 4000 músicas em MP3.
E pra quem sabe o que é, a música que te deixa com os cabelos do braço arrepiados quando você a ouve, praticamente te deixa tresloucado quando você a toca. Sim, instrumentos musicais têm uma certa magia. Quem empunha uma guitarra, um violão, um contrabaixo ou um par de baquetas acaba se fundindo com seu instrumento, e acontece uma sinergia sem igual. Uma fusão. Os dois, músico e instrumento, se tornam um só. Apenas um.
Como neste fim de semana. Onde eu, desavisado, fui a um bar numa bela noite de sábado para domingo, e a banda que tocava deu uma deixa para quem quisesse tocar. Como eu e meus amigos estávamos bem na frente, não precisamos atropelar muita gente para subir no palco e empunhar os maravilhosos instrumentos. A noite tinha uma temática, a musicalidade rock and roll dos anos 60 e 70. Neste momento ocorreu a fusão. Transformamos-nos, não apenas eu e a guitarra, mas todos que estavam no palco e seus respectivos instrumentos, em uma pessoa só. Uma pessoa fazendo parte da história. Mesmo que fosse para pouca gente. Mesmo que fosse por meia hora. Mesmo que fosse um instante infinitesimal na imensidão do mundo. Desfilamos nosso repertório perdido em ensaios de garagem de anos atrás. E até que nos demos bem. Ressurgiram os Beatles, The Zombies, The Animals, até o ativo Deep Purple deu o ar da sua graça baixando o santo naquela múltipla pessoa ensandecida, entre suor, acordes e latas de cerveja. E a receptividade das pessoas que nunca tínhamos visto. O elemento-surpresa. Os gritos. As palmas. A energia emanava de cada uma daquelas pessoas que estavam lá embaixo, subindo o viés do palco e transfundindo com a nossa. Tornando-se uma só. Uma só pessoa. Uma só energia, um só coração compassado nas batidas quatro-por-dois, nas escalas do contrabaixo elétrico e nos acordes distorcidos da Les Paul Studio.
Bons momentos são poucos, são rápidos. Mas são intensos. E são esses bons momentos as únicas coisas que a gente acaba levando dessa vida, sei lá pra onde. Mas levamos.
E são essas coisas, pequenas mas maravilhosas, que me dão cada vez mais vontade de continuar vivo.
*sinergia - propriedade de certos elementos que, quando são unidos, resultar em um novo elemento com características melhores e maiores que a soma de suas características individuais.
A música tem uma influência forte pra caralho em mim. Eu sou meio viciado, assumo. Quem me conhece melhor sabe que são raras as vezes em que estou com a TV ligada; geralmente estou curtindo meus queridos CDs ou minha coleção de mais de 4000 músicas em MP3.
E pra quem sabe o que é, a música que te deixa com os cabelos do braço arrepiados quando você a ouve, praticamente te deixa tresloucado quando você a toca. Sim, instrumentos musicais têm uma certa magia. Quem empunha uma guitarra, um violão, um contrabaixo ou um par de baquetas acaba se fundindo com seu instrumento, e acontece uma sinergia sem igual. Uma fusão. Os dois, músico e instrumento, se tornam um só. Apenas um.
Como neste fim de semana. Onde eu, desavisado, fui a um bar numa bela noite de sábado para domingo, e a banda que tocava deu uma deixa para quem quisesse tocar. Como eu e meus amigos estávamos bem na frente, não precisamos atropelar muita gente para subir no palco e empunhar os maravilhosos instrumentos. A noite tinha uma temática, a musicalidade rock and roll dos anos 60 e 70. Neste momento ocorreu a fusão. Transformamos-nos, não apenas eu e a guitarra, mas todos que estavam no palco e seus respectivos instrumentos, em uma pessoa só. Uma pessoa fazendo parte da história. Mesmo que fosse para pouca gente. Mesmo que fosse por meia hora. Mesmo que fosse um instante infinitesimal na imensidão do mundo. Desfilamos nosso repertório perdido em ensaios de garagem de anos atrás. E até que nos demos bem. Ressurgiram os Beatles, The Zombies, The Animals, até o ativo Deep Purple deu o ar da sua graça baixando o santo naquela múltipla pessoa ensandecida, entre suor, acordes e latas de cerveja. E a receptividade das pessoas que nunca tínhamos visto. O elemento-surpresa. Os gritos. As palmas. A energia emanava de cada uma daquelas pessoas que estavam lá embaixo, subindo o viés do palco e transfundindo com a nossa. Tornando-se uma só. Uma só pessoa. Uma só energia, um só coração compassado nas batidas quatro-por-dois, nas escalas do contrabaixo elétrico e nos acordes distorcidos da Les Paul Studio.
Bons momentos são poucos, são rápidos. Mas são intensos. E são esses bons momentos as únicas coisas que a gente acaba levando dessa vida, sei lá pra onde. Mas levamos.
E são essas coisas, pequenas mas maravilhosas, que me dão cada vez mais vontade de continuar vivo.
*sinergia - propriedade de certos elementos que, quando são unidos, resultar em um novo elemento com características melhores e maiores que a soma de suas características individuais.
quinta-feira, fevereiro 24, 2005
saudosismo
Ontem foi aniversário de uma prima minha. Liguei pra ela pra dar parabéns e conversar um pouco. E isso nos fez lembrar uma história das antigas, que gostaria de compartilhar com vocês, meus leitores.
Quando eu era mais novinho, tinha a fama de ser boca-suja e briguento. Minha mãe conta que, quando aprendi a ler, saía na rua e lia em voz alta os palavrões pichados nos muros, pra todo mundo ouvir. Minha mãe ficava puta, mas meu pai dava risada. Talvez pela pseudo-aceitação de tal hábito pelo meu pai, eu me divertia falando palavrões e xingando os coleguinhas da classe. E minha mãe constantemente ia me buscar na diretoria da escola.Já o briguento, eu nem sei por quê. Mas eu vivia arrumando confusão com quem quer que fosse, desde jogo de bola até discussões em plena sala de aula. Talvez por gostar de ficar xingando os outros.
Naquela época, nossa casa era frequentada por amigos de meus pais, alguns parentes que só se vê em casamento e enterro e uns transeuntes. E por várias vezes eu ficava sob constante ameaça de ser trancado no quarto caso abrisse a boca ou ralhasse com alguém que nos visitasse. Principalmente quando nos visitava um casal de tios muito recatado; tios esses que são pais dessa minha prima. Essa minha tia era beata de igreja, o meu tio, obreiro da assistência social. Muito educados, mais ainda essa minha priminha que fez aniversário, que só usava vestidos de festa junina e ficava vermelha quando ouvia bad words. Uma vez mandei minha irmã pra puta que pariu na presença deles e minha mãe tacou um cinzeiro em mim.
Pois bem. Um belo dia foi aniversário dessa minha prima. Nove anos de idade, me lembro como se fosse1990ontem. Tínhamos a mesma idade. Na casa dela, bolo, brigadeiro, enfeites de isopor, gêmeos vestidos iguais e tudo que uma festa infantil manda. Eu estourando as bexigas e querendo arranjar encrenca com meus primos, minha mãe me intima:
-Se fizer merda hoje vai apanhar que nem gente grande.
Tudo bem, mâmi. A festa transcorreu super bem até a hora do parabéns. Apagaram a luz, minha prima apagou as velinhas e todos bateram palmas. Um segundo de silêncio, ops, acho que queimou a lâmpada. Não acende.Um barulho.
-POF!
A luz, daquelas brancas tipo de hospital, demora a acender, mas acende.
Minha prima tava com a cara toda melada de chantilly. "Deram" com a cabeça dela no bolo, no meio da escuridão.
Ela olha pra mim e grita:
-Vai tomar no cu, seu filho da puta!
Nem deu tempo de fazer cara de santo, e nem de ver a cara de horror dos meus tios que achavam que sua filha era santa e iria oferecer a outra face. Só me preocupava em fugir dos meus pais. E acho que foi o dia em que mais corri na minha vida. E foi o dia em que meus tios decidiram não mais frequentar nossa casa por um bom tempo. E, também, foi o dia em que meus pais decidiram procurar uma psicóloga. Não pra eles, pra mim.
Há quinze anos atrás. Direto do túnel do tempo.
Quando eu era mais novinho, tinha a fama de ser boca-suja e briguento. Minha mãe conta que, quando aprendi a ler, saía na rua e lia em voz alta os palavrões pichados nos muros, pra todo mundo ouvir. Minha mãe ficava puta, mas meu pai dava risada. Talvez pela pseudo-aceitação de tal hábito pelo meu pai, eu me divertia falando palavrões e xingando os coleguinhas da classe. E minha mãe constantemente ia me buscar na diretoria da escola.Já o briguento, eu nem sei por quê. Mas eu vivia arrumando confusão com quem quer que fosse, desde jogo de bola até discussões em plena sala de aula. Talvez por gostar de ficar xingando os outros.
Naquela época, nossa casa era frequentada por amigos de meus pais, alguns parentes que só se vê em casamento e enterro e uns transeuntes. E por várias vezes eu ficava sob constante ameaça de ser trancado no quarto caso abrisse a boca ou ralhasse com alguém que nos visitasse. Principalmente quando nos visitava um casal de tios muito recatado; tios esses que são pais dessa minha prima. Essa minha tia era beata de igreja, o meu tio, obreiro da assistência social. Muito educados, mais ainda essa minha priminha que fez aniversário, que só usava vestidos de festa junina e ficava vermelha quando ouvia bad words. Uma vez mandei minha irmã pra puta que pariu na presença deles e minha mãe tacou um cinzeiro em mim.
Pois bem. Um belo dia foi aniversário dessa minha prima. Nove anos de idade, me lembro como se fosse
-Se fizer merda hoje vai apanhar que nem gente grande.
Tudo bem, mâmi. A festa transcorreu super bem até a hora do parabéns. Apagaram a luz, minha prima apagou as velinhas e todos bateram palmas. Um segundo de silêncio, ops, acho que queimou a lâmpada. Não acende.Um barulho.
-POF!
A luz, daquelas brancas tipo de hospital, demora a acender, mas acende.
Minha prima tava com a cara toda melada de chantilly. "Deram" com a cabeça dela no bolo, no meio da escuridão.
Ela olha pra mim e grita:
-Vai tomar no cu, seu filho da puta!
Nem deu tempo de fazer cara de santo, e nem de ver a cara de horror dos meus tios que achavam que sua filha era santa e iria oferecer a outra face. Só me preocupava em fugir dos meus pais. E acho que foi o dia em que mais corri na minha vida. E foi o dia em que meus tios decidiram não mais frequentar nossa casa por um bom tempo. E, também, foi o dia em que meus pais decidiram procurar uma psicóloga. Não pra eles, pra mim.
Há quinze anos atrás. Direto do túnel do tempo.
quarta-feira, fevereiro 16, 2005
respostas à altura
Uns dias atrás, em São Paulo. Minha irmã, se arrumando. Eu, esperando na sala. Tínhamos que estar do outro lado da cidade às 16 horas e já eram 15:45.
eu, gritando: "É por isso que o Brasil não vai pra frente. Porque tem gente lerda demais que demora pra fazer as coisas."
minha irmã, replicando: "O Brasil não vai pra frente por causa das pessoas impacientes que não sabem esperar o progresso."
Fiquei sem resposta.
eu, gritando: "É por isso que o Brasil não vai pra frente. Porque tem gente lerda demais que demora pra fazer as coisas."
minha irmã, replicando: "O Brasil não vai pra frente por causa das pessoas impacientes que não sabem esperar o progresso."
Fiquei sem resposta.
terça-feira, fevereiro 08, 2005
eu sou malvado?
Às vezes eu tenho medo de mim mesmo. Medo do que eu posso causar na cabeça de certas pessoas.
Pensar é uma dádiva, um privilégio, eu digo e muita gente diz, até Descartes disse "penso, logo existo", certo? Mas o pensar traz loucura, insanidade, sociopatia, me afasta dessa tal sociedade, me faz rejeitar o sistema e o jeito que as coisas funcionam...e devido a essa eterna sociopatia e vontade de não aceitar as coisas como são, vivo assim, tentando mudar tudo (e mudando algumas coisas), criticando...
Já conheci pessoas, pelas minhas andanças por esse Brasilzão de meu Deus, que não tinham uma idéia própria. Viviam guiadas pelo que a sociedade quer, atendendo os anseios e as exigências de um sistema que te vicia na imagem e no consumismo, e vivendo nas aparências de uma pessoa "social", uma pessoa "aceitável". E, com algumas dessas pessoas eu conversei, comecei a expor meus pontos de vista sobre as coisas, sobre o mundo, sobre os usos e costumes das pessoas e toda essa moral hipócrita que nos rodeia. Algumas consegui influenciar para que se libertassem um pouco e começassem a pensar por si próprias, andar com as próprias pernas... e, depois de um tempo, vi essas pessoas cheias de questionamentos e dúvidas, rejeitando o modelo que antes aceitavam e não por que achavam "legal", e sim por um sentimento de inconformismo que foi sendo criado dentro delas. E percebi que, antes de todos esses questionamentos, antes de toda essa mudança, essas pessoas eram, digamos, mais felizes.
Será a felicidade um produto vendido em embalagens plásticas embaladas a vácuo nas estantes dos supermercados mesmo, tipo, sendo necessária a alienação pra conseguir a mesma? Será o consumo o sustentáculo dessa tal felicidade? Ou a felicidade não é nada disso, é algo que nós com nossas cabeças fechadas ainda não conseguimos visualizar?
Eu acredito na segunda resposta. Mas, será que isso é o bastante pra todas essas pessoas que, direta ou indiretamente, influenciei? Será que elas não estavam felizes o bastante com seu mundo fashion e regrado e vem um lazarento pra mostrar coisas difíceis de se alcançar?
Será que pensar, enfim, faz mal ou bem às pessoas? Será que não seria melhor deixá-las em seus mundinhos fechados, sem criticar, reclusas e pacíficas?
No fundo, o caminho entre perder o paraíso e ganhar visão é penoso, e no fim não tem um pote de ouro e nem TV a cabo. Mas a caminhada vale a pena.
Mas... e o resto do mundo?
por onde começar, é hora da alma vagar, por onde devo começar, por onde começar, você e eu debaixo dessa chuva, você e eu sozinhos, aqui... dead fish - iceberg (múltiplas interpretações, escolha a sua)
Pensar é uma dádiva, um privilégio, eu digo e muita gente diz, até Descartes disse "penso, logo existo", certo? Mas o pensar traz loucura, insanidade, sociopatia, me afasta dessa tal sociedade, me faz rejeitar o sistema e o jeito que as coisas funcionam...e devido a essa eterna sociopatia e vontade de não aceitar as coisas como são, vivo assim, tentando mudar tudo (e mudando algumas coisas), criticando...
Já conheci pessoas, pelas minhas andanças por esse Brasilzão de meu Deus, que não tinham uma idéia própria. Viviam guiadas pelo que a sociedade quer, atendendo os anseios e as exigências de um sistema que te vicia na imagem e no consumismo, e vivendo nas aparências de uma pessoa "social", uma pessoa "aceitável". E, com algumas dessas pessoas eu conversei, comecei a expor meus pontos de vista sobre as coisas, sobre o mundo, sobre os usos e costumes das pessoas e toda essa moral hipócrita que nos rodeia. Algumas consegui influenciar para que se libertassem um pouco e começassem a pensar por si próprias, andar com as próprias pernas... e, depois de um tempo, vi essas pessoas cheias de questionamentos e dúvidas, rejeitando o modelo que antes aceitavam e não por que achavam "legal", e sim por um sentimento de inconformismo que foi sendo criado dentro delas. E percebi que, antes de todos esses questionamentos, antes de toda essa mudança, essas pessoas eram, digamos, mais felizes.
Será a felicidade um produto vendido em embalagens plásticas embaladas a vácuo nas estantes dos supermercados mesmo, tipo, sendo necessária a alienação pra conseguir a mesma? Será o consumo o sustentáculo dessa tal felicidade? Ou a felicidade não é nada disso, é algo que nós com nossas cabeças fechadas ainda não conseguimos visualizar?
Eu acredito na segunda resposta. Mas, será que isso é o bastante pra todas essas pessoas que, direta ou indiretamente, influenciei? Será que elas não estavam felizes o bastante com seu mundo fashion e regrado e vem um lazarento pra mostrar coisas difíceis de se alcançar?
Será que pensar, enfim, faz mal ou bem às pessoas? Será que não seria melhor deixá-las em seus mundinhos fechados, sem criticar, reclusas e pacíficas?
No fundo, o caminho entre perder o paraíso e ganhar visão é penoso, e no fim não tem um pote de ouro e nem TV a cabo. Mas a caminhada vale a pena.
Mas... e o resto do mundo?
por onde começar, é hora da alma vagar, por onde devo começar, por onde começar, você e eu debaixo dessa chuva, você e eu sozinhos, aqui... dead fish - iceberg (múltiplas interpretações, escolha a sua)
terça-feira, fevereiro 01, 2005
da série "coisas ridiculamente simples que a gente demora a se tocar"
O ânimo para o fazer é o querer.
sábado, janeiro 29, 2005
da série "madrugadas inesquecíveis no MSN"
siclano diz:
ow... o bush eh moh filadaputa neh... mato um monte de gente no irak e no vietnam...
eu não durmo. diz:
por que você diz isso? O Bush é legal sim, gente finíssima.
eu não durmo. diz:
Respeitador da moral e dos costumes. Eu votaria nele.
siclano diz:
owww cara como tu pode flar isso? quanta gente q morre hj por causa da alta do dolar
eu não durmo. diz:
é, o dólar tá matando muita gente mesmo... onde esse mundo vai parar?Só não tá matando mais que a peste negra, hoje em dia.
siclano diz:
eh serio? volto a epidemia msm? essa doença naum tinha sido estinta no brasil?
eu não durmo. diz:
¬¬
siclano teve seu nome original trocado para preservar a moral e os bons costumes da internet e da família brasileira.
ow... o bush eh moh filadaputa neh... mato um monte de gente no irak e no vietnam...
eu não durmo. diz:
por que você diz isso? O Bush é legal sim, gente finíssima.
eu não durmo. diz:
Respeitador da moral e dos costumes. Eu votaria nele.
siclano diz:
owww cara como tu pode flar isso? quanta gente q morre hj por causa da alta do dolar
eu não durmo. diz:
é, o dólar tá matando muita gente mesmo... onde esse mundo vai parar?Só não tá matando mais que a peste negra, hoje em dia.
siclano diz:
eh serio? volto a epidemia msm? essa doença naum tinha sido estinta no brasil?
eu não durmo. diz:
¬¬
siclano teve seu nome original trocado para preservar a moral e os bons costumes da internet e da família brasileira.
terça-feira, janeiro 25, 2005
afinal... pra que tudo isso?
Eu poderia escrever muita coisa aqui hoje, poderia escrever sobre a chuva, sobre minhas idéias, sobre os mortos do outro lado do mundo ou o que me viesse na telha. Poderia escrever sobre tudo e sobre nada.
Mas sabe quando você não está mal, pelo contrário... mas se sente meio perdido? Como num tipo de crise existencial (sim, quem somos e de onde viemos e blábláblá), começa a refletir e a pensar e fica mais confuso, e se afunda no meio dessa confusão, e não consegue mais pensar, e enfim descobre não saber o que quer da vida, perdidão mesmo... é estranho... escrever rápido e sem muitas interrupções tipo um brainstorm?
Eu só queria um pouco de paz, sabem? Queria que certas pessoas entendessem de uma vez por todas que eu já cresci bastante pra decidir o que é bom ou ruim pra mim e foda-se o resto do mundo. Isso mesmo, foda-se, que se dane o que vão pensar, "ahhh, eu tinha uma expectativa tão grande de você", "você enchia nossa bola", "você era nossa esperança", serão apenas palavras jogadas ao vento fazendo vibrar ondas sonoras que alimentam os axiomas da teoria do Caos.
É só isso que eu peço. Quero um pouco de confusão, sim. Mas a confusão que me traga, de vez por todas, a paz que eu quero, e deixe longe a paz que eu não quero.
me abrace e me dê um beijo, faça um filho comigo, mas não me deixe sentar na poltrona no dia de domingo, procurando novas drogas de aluguel nesse vídeo coagido, é pela paz que eu não quero seguir admitindo... o rappa - minha alma (a paz que eu não quero)
Mas sabe quando você não está mal, pelo contrário... mas se sente meio perdido? Como num tipo de crise existencial (sim, quem somos e de onde viemos e blábláblá), começa a refletir e a pensar e fica mais confuso, e se afunda no meio dessa confusão, e não consegue mais pensar, e enfim descobre não saber o que quer da vida, perdidão mesmo... é estranho... escrever rápido e sem muitas interrupções tipo um brainstorm?
Eu só queria um pouco de paz, sabem? Queria que certas pessoas entendessem de uma vez por todas que eu já cresci bastante pra decidir o que é bom ou ruim pra mim e foda-se o resto do mundo. Isso mesmo, foda-se, que se dane o que vão pensar, "ahhh, eu tinha uma expectativa tão grande de você", "você enchia nossa bola", "você era nossa esperança", serão apenas palavras jogadas ao vento fazendo vibrar ondas sonoras que alimentam os axiomas da teoria do Caos.
É só isso que eu peço. Quero um pouco de confusão, sim. Mas a confusão que me traga, de vez por todas, a paz que eu quero, e deixe longe a paz que eu não quero.
me abrace e me dê um beijo, faça um filho comigo, mas não me deixe sentar na poltrona no dia de domingo, procurando novas drogas de aluguel nesse vídeo coagido, é pela paz que eu não quero seguir admitindo... o rappa - minha alma (a paz que eu não quero)
terça-feira, janeiro 18, 2005
se postar música é fim de carreira, já era...
Eu não vou falar de amor
E nem vou falar do tempo
Eu não vou dizer nada
Além do que estou dizendo
Eu não vou dizer
O que realmente penso
Até mesmo porque
Não tenho nada a dizer
Eu não vou dizer
O que realmente sinto
Até mesmo porque
Não é o que eu quero fazer
Eu não vou falar de culpa
E nem de arrependimento
Mas só do que eu digo agora
E aqui neste momento
Eu não vou falar
De novo o que eu falei
Eu não vou falar
De mim nem de ninguém
Eu não vou falar
De coisas que eu não sei
E nem vou falar
Do que eu conheço bem
Eu não vou contar uma história
E nem vou dar explicação
Eu não vou falar de flores
E nem da televisão
Eu não vou falar de nada
Eu não vou falar de nada
E isso é só o que basta
Pra fazer esta canção
eu não vou dizer nada (além do que estou dizendo) - titãs
E nem vou falar do tempo
Eu não vou dizer nada
Além do que estou dizendo
Eu não vou dizer
O que realmente penso
Até mesmo porque
Não tenho nada a dizer
Eu não vou dizer
O que realmente sinto
Até mesmo porque
Não é o que eu quero fazer
Eu não vou falar de culpa
E nem de arrependimento
Mas só do que eu digo agora
E aqui neste momento
Eu não vou falar
De novo o que eu falei
Eu não vou falar
De mim nem de ninguém
Eu não vou falar
De coisas que eu não sei
E nem vou falar
Do que eu conheço bem
Eu não vou contar uma história
E nem vou dar explicação
Eu não vou falar de flores
E nem da televisão
Eu não vou falar de nada
Eu não vou falar de nada
E isso é só o que basta
Pra fazer esta canção
eu não vou dizer nada (além do que estou dizendo) - titãs
quinta-feira, janeiro 13, 2005
this is not a fucking christmas tale
Quando eu era pequeno, mas bem pequeno mesmo, a ponto em acreditar em papai noel e na fadinha do dente, a época de Natal me deixava inquieto.
Nem tanto pelos presentes, já que não eram muitos. Talvez pela ceia, com tender e arroz com uvas passas. Mas me lembro perfeitamente que, no dia 24 de dezembro, olhava para o céu à noite e via uma estrela vermelha. Isso me inquietava.
Minha avó dizia que era o trenó do bom velhinho.
Minha mãe contava uma história mirabolante sobre três reis magos que, há muito tempo, nesse mesmo dia, seguiram esta mesma estrela.
O fato é que, mesmo me lembrando perfeitamente daquele ponto vermelho no céu, mais ou menos próximo à Lua das 21 horas, procuro-o nos céus por toda a noite de 24 de dezembro até hoje, e não o acho.
Será que a estrela vermelha desapareceu? Era um produto da minha imaginação?
Ou será que, com o passar do tempo, as estrelas páram de brilhar para as pessoas?
Nem tanto pelos presentes, já que não eram muitos. Talvez pela ceia, com tender e arroz com uvas passas. Mas me lembro perfeitamente que, no dia 24 de dezembro, olhava para o céu à noite e via uma estrela vermelha. Isso me inquietava.
Minha avó dizia que era o trenó do bom velhinho.
Minha mãe contava uma história mirabolante sobre três reis magos que, há muito tempo, nesse mesmo dia, seguiram esta mesma estrela.
O fato é que, mesmo me lembrando perfeitamente daquele ponto vermelho no céu, mais ou menos próximo à Lua das 21 horas, procuro-o nos céus por toda a noite de 24 de dezembro até hoje, e não o acho.
Será que a estrela vermelha desapareceu? Era um produto da minha imaginação?
Ou será que, com o passar do tempo, as estrelas páram de brilhar para as pessoas?
terça-feira, janeiro 04, 2005
sexta-feira, dezembro 17, 2004
já era
O ano já era. E o que eu fiz de bom?
Não, não vou entrar naqueles existencialismos retrospectivos e nem nas questões filosóficas. Até porque não sou chegado, vocês sabem, em todos esses negócios de "anonovoblábláblá" e coisa e tal.
Mas enfim... o que eu fiz de bom esse ano? Simples: conheci pessoas fantásticas. Pessoas maravilhosas, inteligentes, críticas, pessoas com quem eu tenho gosto de conversar. Algumas meio sumidas. Outras sempre ali.
Ah, não vou citar nomes, não. Não precisa, essas pessoas entram aqui e sabem que são elas.
Bom... por 2004 é isso. Já era.
FUI!
ah: não esqueci do presente do Amigo Oculto, não. Será entregue no prazo!
Não, não vou entrar naqueles existencialismos retrospectivos e nem nas questões filosóficas. Até porque não sou chegado, vocês sabem, em todos esses negócios de "anonovoblábláblá" e coisa e tal.
Mas enfim... o que eu fiz de bom esse ano? Simples: conheci pessoas fantásticas. Pessoas maravilhosas, inteligentes, críticas, pessoas com quem eu tenho gosto de conversar. Algumas meio sumidas. Outras sempre ali.
Ah, não vou citar nomes, não. Não precisa, essas pessoas entram aqui e sabem que são elas.
Bom... por 2004 é isso. Já era.
FUI!
ah: não esqueci do presente do Amigo Oculto, não. Será entregue no prazo!
segunda-feira, dezembro 13, 2004
bola de neve
nota: pra preservar o sigilo de algumas pessoas, alguns nomes citados neste post são fictícios, outros são verdadeiros.
Outro dia eu peguei o telefone e liguei pra uma amiga minha.
Eu: Alô... a Si...
Pessoa que atendeu: Não, não está.
Eu: Mas será que e...
Pessoa que atendeu: Demora sim. Talvez chegue só amanhã.
Eu: Então por fa...
Pessoa que atendeu: Sim, eu deixo recado. Tchau.
Eu: Tch... (tu tu tu tu tu...)
Há pessoas que não gostam muito de conversa. E algumas dessas algumas pessoas explicitam muito bem isso numa conversa telefônica como esta descrita aí em cima, cortando suas palavras e quase adivinhando o que você quer dizer. Ainda se quem atendeu fosse a mãe da garota seria um pouquinho justificável, mas não, era a empregada. Não que eu tenha algo contra empregadas domésticas, não (até porque sou pobre e minha família nunca teve uma); mas aquela se sente a dona da casa, do tipo que se sente mais importante que a patroa. E, por alguns motivos que não caberiam aqui, já há tempos nutro antipatia por esta pessoa que foi minha interlocutora na curta conversa telefônica.
Engraçado é que isso me fez lembrar de uma época distante (tá, nem tanto) da minha vida, quando eu estava na sexta série e tinha uns 12 anos. Tinha uma amiguinha da classe que se chamava Marília. Uma gracinha, tanto interna como externamente. E ela tinha vários amiguinhos na classe, entre eles eu.
Essa menina morava num prédio próximo à minha casa, então depois da aula eu e os coleguinhas combinávamos de ir na casa dela, ficar conversando no portão. Coisa de molecada, até rolavam uns beijinhos escondidos atrás do prédio de vez em quando.
A mãe dessa menina, quando começou a ver que, a cada dia, a portaria do prédio continuava infestada daqueles pirralhos de 12 anos de idade "que não tinham nada pra fazer", deu ordem expressa ao porteiro pra que ele não deixasse ninguém entrar no prédio, e nem mesmo interfonasse no apartamento pra chamar a garota. Foi a corda pro cara se sentir poderoso.
Nós, os moleques vagabundos, continuávamos indo ao prédio procurar por Marília, mas o porteiro negava constantemente sua presença no prédio. "Ela saiu", ele sempre dizia.
Nós telefonávamos e ela nos atendia, quando chegávamos no prédio o cara dizia que não estava. Até que um dia combinamos uma "operação de guerra". Ligaríamos e pediríamos pra ela descer, quando ela já estivesse lá embaixo o porteiro chato não poderia fazer mais nada.
Chegamos, lá estava a menina nos esperando, pedimos pro porteiro abrir, e recebemos uma negativa. Marília pediu, inutilmente. Ao que o homem bigodudo respondeu:
-Sinto muito. Ordens de Dona Márcia.
Passou o tempo, muitas coisas aconteceram. Depois de onze anos ainda tenho contato com aqueles moleques vagabundos que, hoje, trabalham e estudam, assim como eu. Sempre saímos pra tomar uma cerveja. Foi num desses dias que, estávamos no Largo da Matriz da Freguesia do Ó, em São Paulo, e era época de campanha política. Então havia muitos santinhos e propagandas de políticos emporcalhando a calçada, a rua, as mesas, os botecos e até nossos bolsos. Quando vem uma mulher falar de suas propostas pra nós, que estávamos sentados à mesa e apreciando a Schin gelada (que não é a melhor, mas é a mais barata).
Eu lembrava daquele rosto. Os moleques também lembravam. Ficamos ouvindo dois minutos a ladainha, quando a mulher entregou o panfleto com o nome: Márcia Barral, candidata a vereadora.
Ela perguntou: "Vocês já têm candidato para vereador?"
Eu respondi: "Não tenho, mas na senhora eu não voto. SE a gente pudesse ter subido no apartamento da Marília há ONZE anos atrás, até pensaria a respeito."
Os moleques olharam com cara de espanto. A candidata olhou pra mim, com cara de desaprovação, depois deu um sorriso amarelíssimo, virou as costas e nem continuou a panfletar.
Depois olhei pros moleques, eles olharam pra mim, e foi só risada. Mas risada mesmo foi quando descobrimos que esta distinta senhora não conseguiu sua vaga para mamar nas tetas do Estado de vereadora por CINCO votos. Isso mesmo, cinco votos. Sério mesmo. Os votos dos moleques que ela não deixou subir no prédio poderiam tê-la garantido quatro anos de vida boa.
Agora, depois de ler este puta post enormee chato, você pergunta: e a moral da história? Não tem moral da história.
Agora podem me xingar.
Outro dia eu peguei o telefone e liguei pra uma amiga minha.
Eu: Alô... a Si...
Pessoa que atendeu: Não, não está.
Eu: Mas será que e...
Pessoa que atendeu: Demora sim. Talvez chegue só amanhã.
Eu: Então por fa...
Pessoa que atendeu: Sim, eu deixo recado. Tchau.
Eu: Tch... (tu tu tu tu tu...)
Há pessoas que não gostam muito de conversa. E algumas dessas algumas pessoas explicitam muito bem isso numa conversa telefônica como esta descrita aí em cima, cortando suas palavras e quase adivinhando o que você quer dizer. Ainda se quem atendeu fosse a mãe da garota seria um pouquinho justificável, mas não, era a empregada. Não que eu tenha algo contra empregadas domésticas, não (até porque sou pobre e minha família nunca teve uma); mas aquela se sente a dona da casa, do tipo que se sente mais importante que a patroa. E, por alguns motivos que não caberiam aqui, já há tempos nutro antipatia por esta pessoa que foi minha interlocutora na curta conversa telefônica.
Engraçado é que isso me fez lembrar de uma época distante (tá, nem tanto) da minha vida, quando eu estava na sexta série e tinha uns 12 anos. Tinha uma amiguinha da classe que se chamava Marília. Uma gracinha, tanto interna como externamente. E ela tinha vários amiguinhos na classe, entre eles eu.
Essa menina morava num prédio próximo à minha casa, então depois da aula eu e os coleguinhas combinávamos de ir na casa dela, ficar conversando no portão. Coisa de molecada, até rolavam uns beijinhos escondidos atrás do prédio de vez em quando.
A mãe dessa menina, quando começou a ver que, a cada dia, a portaria do prédio continuava infestada daqueles pirralhos de 12 anos de idade "que não tinham nada pra fazer", deu ordem expressa ao porteiro pra que ele não deixasse ninguém entrar no prédio, e nem mesmo interfonasse no apartamento pra chamar a garota. Foi a corda pro cara se sentir poderoso.
Nós, os moleques vagabundos, continuávamos indo ao prédio procurar por Marília, mas o porteiro negava constantemente sua presença no prédio. "Ela saiu", ele sempre dizia.
Nós telefonávamos e ela nos atendia, quando chegávamos no prédio o cara dizia que não estava. Até que um dia combinamos uma "operação de guerra". Ligaríamos e pediríamos pra ela descer, quando ela já estivesse lá embaixo o porteiro chato não poderia fazer mais nada.
Chegamos, lá estava a menina nos esperando, pedimos pro porteiro abrir, e recebemos uma negativa. Marília pediu, inutilmente. Ao que o homem bigodudo respondeu:
-Sinto muito. Ordens de Dona Márcia.
Passou o tempo, muitas coisas aconteceram. Depois de onze anos ainda tenho contato com aqueles moleques vagabundos que, hoje, trabalham e estudam, assim como eu. Sempre saímos pra tomar uma cerveja. Foi num desses dias que, estávamos no Largo da Matriz da Freguesia do Ó, em São Paulo, e era época de campanha política. Então havia muitos santinhos e propagandas de políticos emporcalhando a calçada, a rua, as mesas, os botecos e até nossos bolsos. Quando vem uma mulher falar de suas propostas pra nós, que estávamos sentados à mesa e apreciando a Schin gelada (que não é a melhor, mas é a mais barata).
Eu lembrava daquele rosto. Os moleques também lembravam. Ficamos ouvindo dois minutos a ladainha, quando a mulher entregou o panfleto com o nome: Márcia Barral, candidata a vereadora.
Ela perguntou: "Vocês já têm candidato para vereador?"
Eu respondi: "Não tenho, mas na senhora eu não voto. SE a gente pudesse ter subido no apartamento da Marília há ONZE anos atrás, até pensaria a respeito."
Os moleques olharam com cara de espanto. A candidata olhou pra mim, com cara de desaprovação, depois deu um sorriso amarelíssimo, virou as costas e nem continuou a panfletar.
Depois olhei pros moleques, eles olharam pra mim, e foi só risada. Mas risada mesmo foi quando descobrimos que esta distinta senhora não conseguiu sua vaga
Agora, depois de ler este puta post enorme
Agora podem me xingar.
sábado, dezembro 11, 2004
çensoautocritico é bão
nAdA pOdi pArAr NoSsO bOnDi diz:
eu odeio ipocrezia e falsidadi... e vc?
nAdA pOdi pArAr NoSsO bOnDi diz:
huahsheehsihshau XD
senil e ranzinza diz:
hum... e gosta de charlie brown jr... imagino
nAdA pOdi pArAr NoSsO bOnDi diz:
eh gosto msm...
nAdA pOdi pArAr NoSsO bOnDi diz:
xoraum eh fodaum... "mAiS kI sI FODAAAA heishua"
senil e ranzinza diz:
espera um pouco, o telefone tá tocando...
nAdA pOdi pArAr NoSsO bOnDi diz:
tah bom XP
eu odeio ipocrezia e falsidadi... e vc?
nAdA pOdi pArAr NoSsO bOnDi diz:
huahsheehsihshau XD
senil e ranzinza diz:
hum... e gosta de charlie brown jr... imagino
nAdA pOdi pArAr NoSsO bOnDi diz:
eh gosto msm...
nAdA pOdi pArAr NoSsO bOnDi diz:
xoraum eh fodaum... "mAiS kI sI FODAAAA heishua"
senil e ranzinza diz:
espera um pouco, o telefone tá tocando...
nAdA pOdi pArAr NoSsO bOnDi diz:
tah bom XP

update interessante: sabiam que o grupo que controla a "89 rádio roque" tá querendo se juntar ao grupo Bandeirantes de rádio, que controla a Band e a (eca!) Sucesso?
terça-feira, dezembro 07, 2004
Eu quero fazer uma música que não tenha versos. Pois não mais preciso das palavras, ah, essa maldita simbologia que inventaram pra tentarmos colocar em papéis o que sentimos. Não quero dizer, não quero mais nem mesmo ouvir a minha voz, ela não é mais necessária. Quero sim entender o que diz o olhar, a interpretação subliminar do que transparece a alma e transcende o corpo.
Quero gritar, mas minha voz não sai. Tento inutilmente colocar em folhas de papel, em palavras o que se passa na minha cabeça perturbada. Mas não, não é mais necessário, nada mais que a expressão, os olhos, a cara deslavada. O meio termo já não existe mais e somos todos telepatas.
Quero viver, quero voar sobre este céu cheio de antenas de rádio e rir de todos, quero sentir de longe o cheiro da gasolina que não me é mais necessária, dos sapatos que não mais uso, a velha luz branca do escritório agora deu lugar à intensa luz do Sol. Quero me fazer entender, mas não por estas roupas sociais tão inúteis, não pelo toque do telefone ou pela mensagem do e-mail, pois não mais preciso das leis antiquadas da Física. Einstein, Tesla, Newton, estão todos mortos!
Eu perdi o paraíso mas ganhei inteligência. E me fiz livre, e vejo sua face daqui do alto, e nos entendemos. Você me pede pra esperar, mas não há tempo, eles te aprisionam. O que espera pra voar, percorrer o céu infinito sem gravidade? E, depois do vôo acima dos Boeings que viajam a 1000 km/h, descermos e apreciarmos a simplicidade do sorvete, das asas dos pássaros, a leveza das águas que insistem em fluir?
Não. Não diga que não avisei, não pense, não reflita, se eu não corresse eles me alcançariam. Se eu não tivesse corrido não seria mais eu. Seria um, seria simples, simplista, seria um verso. Um mísero verso num livro revolucionário.
Mas eu não mais preciso das palavras. Ah, velhas e antiquadas palavras...
Quero gritar, mas minha voz não sai. Tento inutilmente colocar em folhas de papel, em palavras o que se passa na minha cabeça perturbada. Mas não, não é mais necessário, nada mais que a expressão, os olhos, a cara deslavada. O meio termo já não existe mais e somos todos telepatas.
Quero viver, quero voar sobre este céu cheio de antenas de rádio e rir de todos, quero sentir de longe o cheiro da gasolina que não me é mais necessária, dos sapatos que não mais uso, a velha luz branca do escritório agora deu lugar à intensa luz do Sol. Quero me fazer entender, mas não por estas roupas sociais tão inúteis, não pelo toque do telefone ou pela mensagem do e-mail, pois não mais preciso das leis antiquadas da Física. Einstein, Tesla, Newton, estão todos mortos!
Eu perdi o paraíso mas ganhei inteligência. E me fiz livre, e vejo sua face daqui do alto, e nos entendemos. Você me pede pra esperar, mas não há tempo, eles te aprisionam. O que espera pra voar, percorrer o céu infinito sem gravidade? E, depois do vôo acima dos Boeings que viajam a 1000 km/h, descermos e apreciarmos a simplicidade do sorvete, das asas dos pássaros, a leveza das águas que insistem em fluir?
Não. Não diga que não avisei, não pense, não reflita, se eu não corresse eles me alcançariam. Se eu não tivesse corrido não seria mais eu. Seria um, seria simples, simplista, seria um verso. Um mísero verso num livro revolucionário.
Mas eu não mais preciso das palavras. Ah, velhas e antiquadas palavras...
quinta-feira, dezembro 02, 2004
bons tempos que não passaram...
Às vezes eu sinto saudades de um tempo que não vivi. Olho pros dias de hoje, vejo essas pessoas, essa juventude, caminhando pro nada, vivendo um imenso vazio, onde o que importa é ter e ser, princípio, meio e fim, vivendo o que a mídia mostra e deixando esta mesma mídia pensar por elas...
Gosto muito de ler e ver coisas sobre os tempos antigos, principalmente nas grandes cidades. Tempos antigos que eu digo é até uns cinquenta anos atrás. Épocas de desejos, de idéias, revoluções, expressões culturais como jamais vistas, contestação de valores, ideais... Época em que não se era simplista, mas se acreditava no valor das pequenas coisas, e que, por elas, chegaríamos às grandes realizações; época em que se começava a questionar o porquê das coisas, e tentava-se mudar, principalmente no Brasil dos anos 60, época dos ferrenhos anos da ditadura militar; época de renovações culturais, o florescimento do rock and roll, a atitude paz e amor, o do it yourself de 1977...
Foco minha atenção nos dias de hoje. Olho em volta, vejo a vida, vejo a minha vida e o meu modo de viver, vejo o modo de viver das pessoas em geral, e pergunto: Onde isso vai nos levar? Quais os nossos sonhos? Os nossos desejos? Hoje em dia tudo é de plástico, descartável, as idéias têm prazo de validade, os sentimentos são vendidos em embalagem de chicletes em baladas, pra mascar e jogar fora, a atitude é ter bens, posses, uma conta no banco, senão você está fora do mercado consumidor... Eu tento mudar as estações, mas as rádios não tocam a música que eu quero ouvir, a música que fala do que eu sinto, do que eu penso!!!
Nossa geração perdida... perdida no meio de tanto tentar se achar, geração desgraçada, sem rumo, imediatista, materialista e perdulária...
Então volto meus olhos e minha cabeça pr'aquele passado que pra mim não existiu, do qual ouço e vejo histórias sempre tão fascinantes e que me embalam... e me perco entre o real e o imaginário, ao me achar como um personagem de um tempo que ainda não passou.
Talvez seja melhor desse jeito.
Gosto muito de ler e ver coisas sobre os tempos antigos, principalmente nas grandes cidades. Tempos antigos que eu digo é até uns cinquenta anos atrás. Épocas de desejos, de idéias, revoluções, expressões culturais como jamais vistas, contestação de valores, ideais... Época em que não se era simplista, mas se acreditava no valor das pequenas coisas, e que, por elas, chegaríamos às grandes realizações; época em que se começava a questionar o porquê das coisas, e tentava-se mudar, principalmente no Brasil dos anos 60, época dos ferrenhos anos da ditadura militar; época de renovações culturais, o florescimento do rock and roll, a atitude paz e amor, o do it yourself de 1977...
Foco minha atenção nos dias de hoje. Olho em volta, vejo a vida, vejo a minha vida e o meu modo de viver, vejo o modo de viver das pessoas em geral, e pergunto: Onde isso vai nos levar? Quais os nossos sonhos? Os nossos desejos? Hoje em dia tudo é de plástico, descartável, as idéias têm prazo de validade, os sentimentos são vendidos em embalagem de chicletes em baladas, pra mascar e jogar fora, a atitude é ter bens, posses, uma conta no banco, senão você está fora do mercado consumidor... Eu tento mudar as estações, mas as rádios não tocam a música que eu quero ouvir, a música que fala do que eu sinto, do que eu penso!!!
Nossa geração perdida... perdida no meio de tanto tentar se achar, geração desgraçada, sem rumo, imediatista, materialista e perdulária...
Então volto meus olhos e minha cabeça pr'aquele passado que pra mim não existiu, do qual ouço e vejo histórias sempre tão fascinantes e que me embalam... e me perco entre o real e o imaginário, ao me achar como um personagem de um tempo que ainda não passou.
Talvez seja melhor desse jeito.
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