terça-feira, fevereiro 08, 2005

eu sou malvado?

Às vezes eu tenho medo de mim mesmo. Medo do que eu posso causar na cabeça de certas pessoas.

Pensar é uma dádiva, um privilégio, eu digo e muita gente diz, até Descartes disse "penso, logo existo", certo? Mas o pensar traz loucura, insanidade, sociopatia, me afasta dessa tal sociedade, me faz rejeitar o sistema e o jeito que as coisas funcionam...e devido a essa eterna sociopatia e vontade de não aceitar as coisas como são, vivo assim, tentando mudar tudo (e mudando algumas coisas), criticando...

Já conheci pessoas, pelas minhas andanças por esse Brasilzão de meu Deus, que não tinham uma idéia própria. Viviam guiadas pelo que a sociedade quer, atendendo os anseios e as exigências de um sistema que te vicia na imagem e no consumismo, e vivendo nas aparências de uma pessoa "social", uma pessoa "aceitável". E, com algumas dessas pessoas eu conversei, comecei a expor meus pontos de vista sobre as coisas, sobre o mundo, sobre os usos e costumes das pessoas e toda essa moral hipócrita que nos rodeia. Algumas consegui influenciar para que se libertassem um pouco e começassem a pensar por si próprias, andar com as próprias pernas... e, depois de um tempo, vi essas pessoas cheias de questionamentos e dúvidas, rejeitando o modelo que antes aceitavam e não por que achavam "legal", e sim por um sentimento de inconformismo que foi sendo criado dentro delas. E percebi que, antes de todos esses questionamentos, antes de toda essa mudança, essas pessoas eram, digamos, mais felizes.

Será a felicidade um produto vendido em embalagens plásticas embaladas a vácuo nas estantes dos supermercados mesmo, tipo, sendo necessária a alienação pra conseguir a mesma? Será o consumo o sustentáculo dessa tal felicidade? Ou a felicidade não é nada disso, é algo que nós com nossas cabeças fechadas ainda não conseguimos visualizar?

Eu acredito na segunda resposta. Mas, será que isso é o bastante pra todas essas pessoas que, direta ou indiretamente, influenciei? Será que elas não estavam felizes o bastante com seu mundo fashion e regrado e vem um lazarento pra mostrar coisas difíceis de se alcançar?

Será que pensar, enfim, faz mal ou bem às pessoas? Será que não seria melhor deixá-las em seus mundinhos fechados, sem criticar, reclusas e pacíficas?

No fundo, o caminho entre perder o paraíso e ganhar visão é penoso, e no fim não tem um pote de ouro e nem TV a cabo. Mas a caminhada vale a pena.

Mas... e o resto do mundo?

por onde começar, é hora da alma vagar, por onde devo começar, por onde começar, você e eu debaixo dessa chuva, você e eu sozinhos, aqui... dead fish - iceberg (múltiplas interpretações, escolha a sua)

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