Quando eu digo que gosto de música, é a música que me agrada. Não importam os rótulos. Claro que tem que ter qualidade. Tendo qualidade, não importa se é rock, MPB, pop, zouke ou polka soviética.
A música tem uma influência forte pra caralho em mim. Eu sou meio viciado, assumo. Quem me conhece melhor sabe que são raras as vezes em que estou com a TV ligada; geralmente estou curtindo meus queridos CDs ou minha coleção de mais de 4000 músicas em MP3.
E pra quem sabe o que é, a música que te deixa com os cabelos do braço arrepiados quando você a ouve, praticamente te deixa tresloucado quando você a toca. Sim, instrumentos musicais têm uma certa magia. Quem empunha uma guitarra, um violão, um contrabaixo ou um par de baquetas acaba se fundindo com seu instrumento, e acontece uma sinergia sem igual. Uma fusão. Os dois, músico e instrumento, se tornam um só. Apenas um.
Como neste fim de semana. Onde eu, desavisado, fui a um bar numa bela noite de sábado para domingo, e a banda que tocava deu uma deixa para quem quisesse tocar. Como eu e meus amigos estávamos bem na frente, não precisamos atropelar muita gente para subir no palco e empunhar os maravilhosos instrumentos. A noite tinha uma temática, a musicalidade rock and roll dos anos 60 e 70. Neste momento ocorreu a fusão. Transformamos-nos, não apenas eu e a guitarra, mas todos que estavam no palco e seus respectivos instrumentos, em uma pessoa só. Uma pessoa fazendo parte da história. Mesmo que fosse para pouca gente. Mesmo que fosse por meia hora. Mesmo que fosse um instante infinitesimal na imensidão do mundo. Desfilamos nosso repertório perdido em ensaios de garagem de anos atrás. E até que nos demos bem. Ressurgiram os Beatles, The Zombies, The Animals, até o ativo Deep Purple deu o ar da sua graça baixando o santo naquela múltipla pessoa ensandecida, entre suor, acordes e latas de cerveja. E a receptividade das pessoas que nunca tínhamos visto. O elemento-surpresa. Os gritos. As palmas. A energia emanava de cada uma daquelas pessoas que estavam lá embaixo, subindo o viés do palco e transfundindo com a nossa. Tornando-se uma só. Uma só pessoa. Uma só energia, um só coração compassado nas batidas quatro-por-dois, nas escalas do contrabaixo elétrico e nos acordes distorcidos da Les Paul Studio.
Bons momentos são poucos, são rápidos. Mas são intensos. E são esses bons momentos as únicas coisas que a gente acaba levando dessa vida, sei lá pra onde. Mas levamos.
E são essas coisas, pequenas mas maravilhosas, que me dão cada vez mais vontade de continuar vivo.
*sinergia - propriedade de certos elementos que, quando são unidos, resultar em um novo elemento com características melhores e maiores que a soma de suas características individuais.
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